sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Evocação do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto



Porque na atualidade se impõe lembrar para que não se repita...a educação tem a responsabilidade de ensinar sobre o horror vivido nos campos de concentração e de extermínio.
Recordemos o poema de  (Wislawa Szimborská):


Se acaso          

Podia ocorrer.
Tinha de ocorrer.
Ocorreu antes. Depois.
Mais perto. Mais longe.
Ocorreu; não a ti.

Salvaste-te porque foste o primeiro.
Salvaste-te porque foste o último.
Porque estavas sozinho. Porque as pessoas.
Porque a esquerda. Porque a direita.
Porque chovia. Porque havia sombra.
Porque estava sol.

Por sorte havia ali um bosque.
Por sorte não havia árvores.
Por sorte uma estrada, um gancho, uma viga, um travão,
Um marco, uma curva, um milímetro, um segundo.
Por sorte uma lâmina passava com a água.

Devido a, já que, em vez de, apesar de.
Que teria ocorrido se a mão, o pé,
A um passo, por pouco, por casualidade.
AAh, sim? Diretamente de um momento ainda entreaberto?
A rede tinha apenas um ponto, e tu atravessaste nesse ponto?
Não paro de me surpreender, de ficar sem fala.
Escuta
quão rápido bate em mim teu coração.

De “Si Acaso” 1978 (Traduzido por Paula Rodrigues a partir da versão
para castelhano de Abel A. Murcia )




sábado, 11 de janeiro de 2020

Ser Refugiado e Acolhido por dois dias






Uma experiência vivida por alunos da disciplina de Educação Moral Religiosa Católica, da Escola Secundária Alves Martins, Viseu, do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal e do Agrupamento de Escolas Tomaz Ribeiro, de Tondela.



Nos dias 14 e 15 de dezembro, em Cabanas de Viriato, na Escola Básica Aristides Sousa Mendes, a atividade denominada "CAMPO DE ACOLHIMENTO DE REFUGIADOS” reuniu alunos do Ensino Secundário, da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, da Escola Secundária Alves Martins – Viseu, do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal e do Agrupamento de Escolas Tomaz Ribeiro, de Tondela. Foram 70 os alunos que aceitaram fazer esta “travessia” e arriscar viver esta experiência, que começou com a receção dos jovens junto à Casa do Passal, residência do humanista Aristides de Sousa Mendes e a entrega do respetivo passaporte, elemento emblemático do projeto UNESCO do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal, que simboliza o ato do cônsul e representa a identidade e a segurança de cada um.
Tendo como ponto de partida a vida num Campo de Refugiados, desprovido de conforto e de algumas condições a que se está habituado diariamente, desde logo a liberdade de fazer o que se quer e a ausência da família, foram recriadas situações de vida num campo de refugiados, sendo que se procurou valorizar o acolhimento.
Para a concretização do campo colaboraram e estiveram presentes entidades que deram a conhecer a sua forma de atuação em situação de refugiados ou de defesa dos mais frágeis, como a GNR, através do Destacamento Territorial de Santa Comba Dão e do Destacamento de Intervenção - Secção Cinotécnica.
Os alunos foram, ainda, “envolvidos” pelos testemunhos de dois elementos da Polícia Marítima que estiveram na Grécia, no resgate no mar de migrantes e refugiados, no âmbito da missão Frontex e de um jovem voluntário da Plataforma para os Refugiados que experienciou a vida real de um campo de refugiados na Grécia e que atualmente colabora no projeto Palhaços d’Opital.
Participaram, também, na dinamização desta atividade, estruturas do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal, o Projeto UNESCO “Dever de memória - jovens pelos direitos humanos”, cujas coordenadoras desenvolveram com os participantes um trabalho de descoberta da pessoa de Aristides Sousa Mendes, a partir de uma palestra e de um jogo didático, sensibilizando para um momento de reflexão através da construção do Mural da Consciência. Contou, ainda, com a colaboração da turma do Curso de Proteção Civil, através da simulação de incêndio.
Eram objetivos desta atividade: contribuir para formar consciências esclarecidas, fomentando o desenvolvimento do sentido crítico; sensibilizar para a importância da proteção humanitária; valorizar a família, a cultura e a realidade em que se vive e incentivar dinâmicas de serviço e de partilha.
Estamos em crer que foram alcançados plenamente estes objetivos. 
Esta foi, sem dúvida, uma experiência humana única que complementou o percurso académico dos alunos que nela participaram, levando-os a refletir sobre a condição e a dignidade humana.

Ficámos com a convicção que estes jovens ficaram despertos para nunca desistir de lutar pela vida, independentemente do contexto e de encontrar novas razões para acreditar que têm o “poder de mudar o mundo”.

A organização