terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Dia Internacional dos Direitos Humanos - 10 de dezembro

 


Os alunos do Curso de Artes Visuais da turma A de 10º, assinalaram o aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem com uma exposição de trabalhos artísticos patente na Biblioteca da Escola Secundária.
No âmbito da disciplina de Desenho, em interdisciplinaridade com História da Cultura e das Artes e inspirados nos defensores dos direitos humanos e na conquista histórica de direitos, nomeadamente o direito ao voto e os direitos das mulheres, os alunos expressaram-se principalmente através da arte, uma excelente ferramenta de reflexão sobre esta temática. 
A exposição continuou patente ao longo do mês de janeiro, suscitando um vivo interesse da comunidade escolar, 
De louvar o empenho, a criatividade e o brio deste grupo de alunos claramente demonstrado, mais uma vez, pela excelência do seu trabalho. Gratidão, também, às docentes que orientaram esta produção, Isabel Várzeas e Cristina Varanda.




Íris Figueiredo

Maria Fernanda
Daniel Marques










Catarina Duarte












Laura Várzeas



Jorge Gomes
Matilde Costa

Bárbara Carreira






sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Seminário Internacional – Holocausto: Memória, Educação e Cidadania

 



Do dia 3 a 5 de novembro realizou-se, no Auditório da Câmara Municipal de Carregal do Sal, um Seminário Internacional sobre a memória e o ensino do holocausto, intitulado “Holocausto: Memória, Educação e Cidadania”. Este curso de formação, destinado a professores de todos os grupos disciplinares, organizado pela DGE, em parceria com o Mémorial de la Shoah de Paris, a Associação de Professores de História, a Fundação Aristides de Sousa Mendes, o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa e a Memoshoá, contou, também, com a estreita colaboração da Câmara Municipal de Carregal do Sal e o Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal, através do Projeto “Dever de Memória – jovens pelos direitos humanos”. Tinha como objetivos fundamentais: formar e sensibilizar para o ensino do Holocausto, numa perspetiva transversal à Cidadania e aos Direitos Humanos e fornecer aos professores instrumentos de trabalho prático para a sala de aula, propiciando meios de reflexão que permitam, através do ensino do passado, problematizar o presente e perspetivar o futuro.

Assim, nos dias citados, depois da receção calorosa e apresentação dos promotores e oradores do seminário, iniciaram-se os trabalhos com a apresentação “Aristides de Sousa Mendes - A referência do passado na construção do futuro” de Paulo Catalino, Presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, seguida de “Aristides de Sousa Mendes: entre a História e a Memória” da historiadora. Cláudia Ninhos, do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa e membro da Fundação Aristides de Sousa, que nos posicionou perante os feitos do humanista da região e que nos remete, de forma incondicional, para a necessidade de se posicionar no lugar do outro, posição cada vez mais difícil nos dias que correm.

O painel “O Antissemitismo nos Séculos XIX e XX” de Joel Kotek, da Universidade Livre de Bruxelas, uma intervenção pertinente do tema, contextualizada com a atualidade e a intervenção “A Destruição dos Judeus na Europa: ideologia e processo por etapas” de Pascal Zachary, do Mémorial de la Shoa, promoveram uma reflexão sobre a necessidade de uma atenção intensificada, a necessidade de Saber Ver e interpretar sinais inócuos em sociedade, possíveis geradores de conflitos e que nos posiciona sobre a importância de cultivar-se, cada vez mais, a cultura do conhecimento da História, importância, comprovada e orientada pela formadora Marta Torres e por Miguel Barros da APH, que vêm acrescentar que, mais do que nunca, é necessário o estudo e formação para a construção de cidadãos centrados em valores humanistas, na pessoa e na dignidade humana, com o contributo pedagógico do “Ensino da História, minorias e direitos humanos”.

Não há dúvida que a arte é um excelente veículo de expressão e de comunicação, e nesse sentido, a apresentação “O dever de memória” – jovens pelos direitos humanos “, a cargo da equipa do Projeto Unesco do Agrupamento de Escolas de Carregal foi muito elucidativa de como em contexto de sala de aula se pode abordar a temática do Holocausto, da Memória da 2ª Guerra Mundial, de forma criativa e diversificada, alicerçando os conhecimentos numa metodologia de trabalho do saber fazer e saber ser, competências essenciais ao perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória.

As reflexões do painel “Questionar o Holocausto através do género”, de Caroline François, do Mémorial de la Shoah, suscitaram vivo interesse e empatia. A intervenção recaiu no tema que traduz o sofrimento e a angústia das prisioneiras dos campos de concentração neste período histórico de horror, assunto transversal às várias áreas no sentido de contribuir para o perfil do aluno, que se pretende crítico e atento em sociedade, onde as questões do género e dos direitos humanos têm que estar acesas.

Impressionante a intervenção e as pesquisas “Vidas poupadas: uma viagem pelos arquivos diplomáticos”, de Margarida Lages, Diretora do Arquivo e Biblioteca do Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, abordagens pedagógicas, de sublime importância no resgate da memória e na interpretação de elementos construtores dessa memória, dar voz a documentos, cartas e objetos e construir uma história individual e coletiva foi a ideia fundamental.

“Os Genocídios no Século XX: abordagem histórica e jurídica”, de Joel Kotek, Universidade Livre de Bruxelas, e a intervenção sobre “Os Justos” Portugueses” de Fernanda Matias e Maria Luísa Godinho, da Memoshóa, remeteram a plateia, para a fragilidade da vida e a necessidade de uma redobrada atenção social.
Foram três dias de reflexão e de muitas aprendizagens sobre a temática e de partilha de afetos. O ensino do holocausto não é um desafio fácil, por isso é necessário ter em atenção a abordagem realizada em contexto educativo, daí a pertinência desta formação de professores das várias áreas do saber, pois é um imperativo moral e atual, face ao ressurgimento do antissemitismo, ao negacionismo, à cultura de ódio e à xenofobia que grassam no mundo. É imperioso que este conteúdo, que ultrapassa os limites da disciplina de História, integre a aprendizagem dos nossos alunos no sentido de educar para a cidadania.

De registar, a título de balanço desta ação de formação, a pertinência dos conteúdos dos diversos painéis, assim como as propostas de trabalho educativo e a partilha de exemplos de boas práticas educativas, que se revestiram de elevada qualidade, com apoio em fontes e documentação fidedignas, disponibilizando variados recursos, propostas e metodologias de trabalho da temática, alicerçada nos valores de uma cultura democrática, pacífica e de respeito pelos direitos humanos, que se apresenta cada vez mais necessária na formação dos alunos no mundo onde assistimos a uma preocupante onda de intolerância, radicalismo e extremismo político.

Lembremos que, numa visão integradora do currículo, e numa abordagem transversal entre as várias áreas do saber, este tema se enquadra nos domínios da Estratégia Nacional da Educação para a Cidadania e contribui para o perfil do desempenho do aluno à saída da escolaridade obrigatória, em particular o relacionamento interpessoal e o pensamento crítico, para além do respeito pela diferença, em suma, pelos direitos humanos.

Por fim, agradecer o privilégio e a honra sentidos no Agrupamento de Escolas e no concelho de Carregal do Sal, berço do “Justo entre as Nações” Aristides de Sousa Mendes, em acolher um seminário de estudo ao mais alto nível, reconhecido pela Direção-Geral de Educação como de enorme importância na formação dos professores para a replicação destas aprendizagens nas escolas, constituindo assim um veículo para uma maior consciência cívica.

Uma última palavra de gratidão para a organização, que primou para que tudo decorresse com normalidade e rigor, FAZENDO ACONTECER, não há dúvida de que os participantes saíram mais enriquecidos, não apenas pelo que ouviram, mas também pela partilha de experiências que este tipo de eventos possibilita. 

Fica a citação, de Edmund Burke:Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.

Josefa Reis e Dores do Carmo

Fotos: Josefa Reis e Isabel Várzeas






“Pedras de Tropeço” e o Testemunho da Memória

 

Terry Mandel, norte-americana residente na Califórnia, descendente de uma família judaica alemã, deportada para os campos de concentração de Treblinka e Trawniki, ambos na Polónia, apresentou a história da sua família aos alunos de 10 º ano dos Cursos de Línguas e Humanidades e de Artes Visuais, estes últimos, acompanhados pela docente Isabel Várzeas. Esta atividade, organizada no âmbito do projeto “Dever de Memória – jovens pelos direitos humanos”, em colaboração com as disciplinas de História A e Desenho A, decorreu no dia dois de novembro, aquando do regresso desta oradora da cidade de Colónia, na Alemanha, onde foi participar na instalação de pedras de tropeço à frente da casa que foi propriedade dos seus avós e de onde foram deportados.


Esta obra escultórica, da autoria do artista Gunter Demnig, conhecida por “Stolpersteine", constitui uma homenagem às vítimas da perseguição nazi e encontra-se em várias cidades dos países ocupados pela Alemanha nazi, cujo objetivo é dar um nome às vítimas, que no campo de concentração eram resumidas a um número. Estas placas de cobre de cerca de 10cm², são fixadas na calçada, em frente da última morada da pessoa perseguida pelos nazis, judeu ou de outra minoria étnica, como ciganos ou mesmo alemães que por qualquer razão tivessem sido discriminados e assassinados.


As "pedras de tropeço", são o maior memorial descentralizado do mundo. Gunter Demnig, espalhou "pedras de tropeço" por toda a Europa sendo que as primeiras 50 foram instaladas ilegalmente em Berlim em 1996. Passados 26 anos, são mais de 7 mil "pedras de tropeço" só na capital alemã e quase 60 mil por toda a Europa, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, transformando visualmente a paisagem urbana e tornando-se motivo de visita no âmbito da temática da 2ª Guerra Mundial e do Holocausto. Estes elementos artísticos, transportam o observador ao passado, homenageando uma vida, um nome, uma existência, obrigando o observador a olhar para baixo.

De registar, que esta sessão de testemunho da memória foi possível graças ao generoso desafio lançado à docente Dores do Carmo, coordenadora do projeto UNESCO por Cookie Fischer, amiga desta descendente da família Kornberg e a quem muito agradecemos. Os alunos mostraram-se muito interessados, tendo participado ativamente na sessão, colocando questões pertinentes à preletora, a qual manifestou enorme regozijo pela postura assertiva dos alunos.



Desafiada, também no âmbito do projeto, a nossa oradora participou no Mural “Ser Consciência…”um livro de honra, feito em azulejo e a várias mãos, sem epílogo, edição em constante construção. Esta atividade de desenho e pintura em azulejo, dinamizada desde 2015, sob orientação da docente Josefa Reis, subcoordenadora do projeto UNESCO, pretende preservar as mensagens que os grupos de visitantes à Casa do Passal, e a outros lugares de memória do concelho, e ao Agrupamento, registam com base na história de Aristides de Sousa Mendes, humanista natural de Cabanas de Viriato e na temática estruturante do projeto “Dever de Memória-Jovens pelos Direitos Humanos”.
Para concluir, a oradora foi recebida pelos membros da direção do Agrupamento, que se congratularam pela iniciativa, reforçando a necessidade da partilha de testemunhos, num tempo em que cada vez mais se apela à necessidade de preservar a história, reforçando o facto de a arte servir de veículo na construção de memórias individuais e coletivas. A Diretora do Agrupamento, Dra. Maria João Marques, entregou, em forma de agradecimento, a Terry Mandel e a Cookie Fischer, o elemento escultórico “Espiral da Memória - Aristides de Sousa Mendes” e respetivo passaporte com memória descritiva, elementos emblemáticos da autoria de Josefa Reis, artista plástica e docente do Agrupamento.



«A arte não reproduz o que vemos. Ela faz-nos ver.» (Paul Klee)

 Texto-Josefa Reis e Dores do Carmo

Fotos: Josefa Reis