segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Evocação do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

O 75º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz foi assinalado pelo Projeto Dever de Memória – jovens pelos direitos humanos”, de várias formas, nas Escolas do Agrupamento. A comemoração do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que se celebra a 27 de janeiro, começou com a intervenção de alguns alunos de 9º ano e do curso CEF- Operador de Fotografia, estes últimos na Escola Básica de Carregal do Sal, que se deslocaram às salas de aula para lerem de forma expressiva testemunhos de sobreviventes, excertos de diários de adolescentes e poemas sobre esta cruel realidade, por exemplo de Primo Levi, sobrevivente de Auschwitz.
Durante a semana, de 27 a 31, foram projetados filmes sobre a temática, na biblioteca e na sala dos grandes grupos, tais como O Rapaz do Pijama às Riscas, A Vida é Bela, O Pianista, Diário de Anne Frank e Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Bordéus, que tiveram sempre uma grande audiência constituída por alunos, acompanhados dos seus professores.
Encontramos também, no Museu Manuel Soares de Albergaria, uma exposição intitulada “Pedaços de DOR…sementes de AMOR”, patente no referido espaço até ao dia 29 de fevereiro. Esta integra vários testemunhos escritos, fotografias e interpretações artísticas, realizadas pelos alunos do 9º ano do Agrupamento com o apoio das docentes Isabel Várzeas e Josefa Reis, as quais ilustram textos e poemas que visam assinalar o 75º aniversário da libertação do Campo de Concentração de Auschwitz.

Fazem parte desta exposição, um conjunto de réplicas de postais, disponibilizado por Leah Rozenfeld Sills, descendente de um portador de visto passado por Aristides de Sousa Mendes, que serviu de matriz gráfica da exposição e que retratam as comunicações entre pessoas que estavam no gueto de Lodz (Polónia) e seus familiares que emigraram para os EUA. A maior parte da correspondência é entre a sua bisavó (Chaya) e seus avós Jenny e Stefan (Stefus), alguns postais são do tio do seu pai, Piotr (Profus), segundo informação da detentora dos postais, Chaya e Piotr foram assassinados no Holocausto.
Os professores do Agrupamento estão a dinamizar visitas à exposição, pois esta comemoração destina-se, principalmente, aos mais novos e pretende trazer à memória factos históricos que não podem ser esquecidos, assim como outras vivências, reforçando a necessidade de um conhecimento sistemático e fundamentado do passado, para compreender o presente e assim prevenir o futuro.
Ainda a assinalar a efeméride, foi dinamizada, no dia 31 de janeiro, a visita de estudo dos alunos inscritos na viagem a Auschwitz, que se realizará no próximo mês de abril, ao Pólo Museológico Vilar Formoso, Fronteira da Paz, o qual constitui um Memorial aos Refugiados e ao “Justo entre as Nações” Aristides de Sousa Mendes. Esta viagem realizada de comboio, a simbolizar a deportação para campos de concentração, teve como objetivo a sensibilização e a preparação sobre a temática do holocausto. De sublinhar que os alunos revelaram uma atitude de grande interesse e envolvimento nas atividades propostas, nomeadamente o Jogo didático criado pela equipa UNESCO, um quizz sobre o Cônsul e o enquadramento da sua ação, designado “Uma vida salva – a humanidade em pessoa …”

Ainda neste âmbito, com o objetivo de conhecer a história do cônsul e o Tributo a Aristides de Sousa Mendes - 50 anos de memória, dando cumprimento ao proposto no plano de atividades do projeto, a equipa UNESCO está a acolher na Casa do Passal e na Escola Básica Aristides de Sousa Mendes, desde o dia 28 de janeiro e ao longo do mês de fevereiro, grupos escolares, constituídos maioritariamente por alunos de 9º ano de outros Agrupamentos, nomeadamente de Ferreira do Zêzere, Montemor-o-Velho, Coimbra Oeste, este apenas na EB Aristides de Sousa Mendes, e de Santa Comba Dão. Estas sessões de sensibilização sobre o tema constituem uma verdadeira aula de história e de cidadania fora da sala de aula, contribuindo para o aprofundamento de conhecimentos. Uma homenagem ao cônsul numa visita que lhes proporciona uma experiência emotiva e enriquecedora.
Um #DeverdeMemória!
                                                                                                              Dores Fernandes e Josefa Reis
                                                                                                                Fotos: Josefa Reis

                                                                         





















quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Exposição Aristides de Sousa Mendes, um cônsul português entre a consciência humana e a razão de Estado e Palestra sobre Aristides de Sousa Mendes, no Luxemburgo e em Ettelbruck


A equipa UNESCO deslocou-se ao Luxemburgo, de 15 a 18 de janeiro, em visita à Exposição Aristides de Sousa Mendes, um cônsul português entre a consciência humana e a razão de Estado, nos Arquivos Nacionais da cidade do Luxemburgo, para cuja inauguração a equipa tinha sido convidada pela Sousa Mendes Foundation, que colaborou na organização da mesma, oportunidade à qual se acrescentou a partilha de informação sobre o Cônsul Aristides de Sousa Mendes e sobre o projeto pedagógico Dever de Memória – jovens pelos direitos humanos, nas Escolas onde se ministra o Curso de Língua e Cultura Portuguesa, atividade planificada pelo Coordenador de Ensino Português, Dr. Joaquim Prazeres, evocando assim o 80º aniversário do ato de Consciência deste “Justo entre as Nações”.
A referida exposição, evento organizado no âmbito da presidência luxemburguesa da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), teve o alto patrocínio do nosso país, a assinalar a sua recente integração nesta organização. Muito bem estruturada, de grande riqueza e diversidade de acervo, esta integra painéis sobre a relação entre ambos os países e sobretudo fontes relativas à ação de Aristides de Sousa Mendes, em Bordéus, no contexto da perseguição nazi da 2ª guerra mundial. De lembrar que a grã-duquesa Charlotte e a sua família, assim como vários membros do governo luxemburguês, receberam vistos do cônsul português aquando da ocupação nazi do seu país. Esta memória histórica de um período conturbado e a homenagem a quem foi capaz de desobedecer para salvar vidas, aproximou Portugal e o Luxemburgo. Uma ligação que advém, também, do facto de neste último país viver uma significativa comunidade de emigrantes portugueses.
Visitar esta exposição foi, de facto, um privilégio e uma honra. A receção e o acompanhamento da visita, por parte da Curadora e da responsável do serviço educativo e de comunicação, Sanja Simic, foi igualmente uma benesse memorável para a equipa. Da agenda fez parte, também, uma reunião com estas responsáveis dos Arquivos Nacionais, na qual foi feita uma abordagem sobre o trabalho desenvolvido pelo nosso projeto. Fomos, ainda, recebidas na Embaixada de Portugal no Luxemburgo, onde o Senhor Embaixador, Dr. António Gamito, nos deu as boas-vindas.

As palestras sobre Aristides de Sousa Mendes, no Liceu Athenée e na Associação de Pais de Ettelbruck, destinada a alunos do ensino secundário dos Cursos de Língua e Cultura Portuguesas e respetivos professores, ultrapassaram as expetativas, os jovens revelaram grande interesse e entusiasmo, demonstrados na dinâmica e interatividade criadas. O tempo agendado pareceu escasso para a apresentação das atividades dinamizadas no âmbito do nosso projeto, pois os colegas e os discentes manifestaram, igualmente, curiosidade em saber mais. Um acolhimento caloroso que nos fez sentir em casa.
No último dia, houve tempo, ainda, para a visita à Linha Maginot, na região da Alsácia, linha defensiva francesa constituída por bunkers (Casamatas), postos de vigilância e paióis de munição, na fronteira com a Alemanha, que constitui, atualmente, lugar de memória procurado pelos turistas, uma experiência muito enriquecedora.
Fica uma palavra de gratidão aos professores de Língua e Cultura Portuguesas e ao Coordenador de Ensino Português no Luxemburgo, pela amável disponibilidade e generoso acolhimento, um anfitrião que faz jus ao prestígio do povo português como muito hospitaleiro, na verdade fez-nos sentir em família.

Texto: Dores Fernandes e Josefa Reis
Fotos-Josefa Reis