segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Dia em Memória das Vítimas do Holocausto


“MEMÓRIAS num tempo…100TEMPO”
A exposição ”MEMÓRIAS num tempo…100TEMPO” que se encontra no Museu Manuel Soares de Albergaria, de 24 de janeiro a 7 de março, é constituída por uma série de 60 fotografias que contextualiza o tema da 2ª Guerra Mundial e do Holocausto, e que se encontram divididas em 3 tempos históricos distintos: Antes, Durante e Depois.
Assim, nesse contexto, convidamos o observador a visitar a exposição em epígrafe, que tem como objetivo central evocar o dia 27 de janeiro de 1945, dia em as tropas soviéticas libertaram de Auschwitz cerca de 7 mil prisioneiros, entre estes 500 crianças. Este dia foi consagrado pela ONU como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

ANTES
A Alemanha integrava antes da chegada de Hitler ao poder, em 1933, uma numerosa comunidade judaica (cerca de meio milhão de pessoas) que se sentia alemã, perfeitamente integrada na nação e que contribuía para a riqueza do país com o seu trabalho e dedicação.
Após a implementação do regime nazi e no âmbito do antissemitismo, os judeus foram expulsos da função pública, interditos do exercício de profissões liberais e instituído o “numerus clausus” no acesso à universidade.
Em 1935 adotaram-se as Leis de Nuremberga que tinham como objetivo a “proteção do sangue e honra dos arianos”, pelo que os alemães de origem judaica viram-se privados da nacionalidade e foram proibidos os casamentos entre arianos e judeus.

Esta segregação continuou e em 1938 foram confiscados os bens dos judeus e liquidadas as suas empresas. Na noite de 9 para 10 de novembro iniciou-se a destruição de Sinagogas e lojas de judeus no célebre Pogrom “Noite de Cristal” e passou a ser obrigatório o uso da estrela de David, tendo sido proibida também a frequência de lugares públicos.
No contexto da crise dos anos 30, verificou-se um fluxo emigratório de portugueses, na ordem das dezenas de milhar, com destino a França, o que justifica o recrutamento de mão-de-obra civil para o esforço de guerra do III Reich, após a ocupação deste território pelas forças nazis.

DURANTE
No desencadear da Segunda Guerra Mundial o antissemitismo tomou uma feição mais cruel. Com o início do conflito pôs-se em prática um plano de destruição do povo judaico que se saldou no genocídio de 6 milhões ou mais de judeus. Perseguidos e vexados nas ruas, foram aprisionados nas suas casas e encurralados em guetos a partir de 1940. A “solução final do problema judaico” surgiu em 1942 (Conferência de Wannsee), deportados para campos de concentração, localizados principalmente na parte oriental, os designados campos de trabalho, acabaram por se transformar em campos de morte, quer pelas carências alimentares e de higiene, quer pela brutalidade do trabalho forçado, pelas execuções sumárias e pelo massacre das câmaras de gás.
Nestes campos de concentração e de extermínio pereceram milhões de judeus, mas também ciganos, negros e eslavos cujo único crime era o de não terem nascido arianos.

Deste período, expomos a “Janela IN(discreta)” uma composição artística da autoria de Josefa Reis e que retrata a viagem a Auschwitz realizada em 2014, pelas docentes Dores Fernandes e Josefa Reis, no âmbito do projeto “Comboio da Memória” dinamizado pela docente Isabel Vicente, do Agrupamento de Escolas de Pombal e ao qual o nosso Agrupamento se associa enquanto projeto UNESCO, envolvendo alunos e professores na 3ª edição “Comboio da Memória-2018”.

DEPOIS
Os sobreviventes deste horror viveram de forma distinta este acontecimento trágico do seu povo, muitos perderam familiares e amigos, todos carregavam no seu espírito o trauma da Shoá. Como ultrapassá-lo?
O regresso à normalidade demora o seu tempo. Era necessário superar a dor e sofrimento. Os que conseguiram fugir da feroz perseguição, muitos graças à ação de benfeitores, agraciados com o título de “Justos entre as Nações” pelo Yad Vashem (Autoridade para Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto), do Estado de Israel, como é o caso do herói português Aristides de Sousa Mendes, refizeram a sua vida, enfrentaram o futuro com apreensão mas também com esperança.

Portugal, dada a sua neutralidade, foi um refúgio para milhares de pessoas e uma via de fuga da Europa em guerra, com destino principalmente à América, à procura de uma nova vida. Milhares de refugiados passaram em localidades como Cabanas de Viriato, terra do Cônsul, Curia, Figueira da Foz, Ericeira e Estoril, além de Lisboa.
Podemos apreciar neste período um conjunto de fotografias que faz uma súmula de acontecimentos contemporâneos e que são mote do projeto UNESCO do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal, “Dever de Memória -Jovens pelos direitos Humanos”, cujo trabalho se tem desenvolvido em torno do tema dos direitos humanos, da aprendizagem intercultural e do holocausto, com enfoque central na figura de Aristides de Sousa Mendes. A exemplo disso é a partilha de momentos através de Joan Halperin, autora do livro “My sister`s eyes”, obra que retrata a história dos seus pais e irmã detentores de Vistos de Aristides de Sousa Mendes, a receção de grupos em homenagem a este “Justo” e os encontros com os seus netos, Sebastian, Gerald e António Sousa Mendes, este último autor do livro “Aristides de Sousa Mendes-Memórias de um neto”, que nos transmite vivências do seu avô e que faz parte do programa evocativo do Dia Internacional em Memória das Vitimas do Holocausto, assinalado no Agrupamento.

Este dia foi assinalado ainda no dia 29 com uma atividade designada “Caça ao testemunho”, dinamizada pelos alunos da turma do 12ºB, no contexto da disciplina de História A (Curso de Línguas e Humanidades), que consta na procura pela escola de testemunhos de adolescentes judeus, retratados no livro “Através de nossos olhos” e que foram traduzidos do castelhano para português pelos alunos do 12ºB, 10ºA e 10ºB, no âmbito da disciplina de Espanhol, com orientação da docente Dina Linhares.
Torna-se imperativa esta partilha, que serve como um alertar de consciências, perante este e o atual flagelo dos REFUGIADOS. A nossa esperança é a de que as gerações vindouras, interiorizem valores e um sentido de vida, para que tais horrores não voltem a acontecer e se construa um mundo de igualdade e de respeito pelo outro.

https://www.youtube.com/watch?v=XlGRbZ6newY


Texto-Dores Fernandes/Josefa Reis (Equipa UNESCO)
Fotos-Yad Vashem; Joan Halperin (My sister`s eyes); Josefa Reis