“MEMÓRIAS num tempo…100TEMPO”
A exposição ”MEMÓRIAS num
tempo…100TEMPO” que
se encontra no Museu Manuel Soares de Albergaria, de 24 de janeiro a 7 de março,
é constituída por uma série de 60 fotografias que contextualiza o tema da 2ª
Guerra Mundial e do Holocausto, e que se encontram divididas em 3 tempos históricos
distintos: Antes, Durante e Depois.
Assim, nesse contexto, convidamos o
observador a visitar a exposição em epígrafe, que tem como objetivo central
evocar o dia 27 de janeiro de 1945, dia em as tropas soviéticas libertaram de Auschwitz
cerca de 7 mil prisioneiros, entre estes 500 crianças. Este dia foi consagrado
pela ONU como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
ANTES
A
Alemanha integrava antes da chegada de Hitler ao poder, em 1933, uma numerosa
comunidade judaica (cerca de meio milhão de pessoas) que se sentia alemã,
perfeitamente integrada na nação e que contribuía para a riqueza do país com o
seu trabalho e dedicação.
Após
a implementação do regime nazi e no âmbito do antissemitismo, os judeus foram
expulsos da função pública, interditos do exercício de profissões liberais e
instituído o “numerus clausus” no acesso à universidade.
Em
1935 adotaram-se as Leis de Nuremberga que tinham como objetivo a “proteção do
sangue e honra dos arianos”, pelo que os alemães de origem judaica viram-se
privados da nacionalidade e foram proibidos os casamentos entre arianos e
judeus.
Esta
segregação continuou e em 1938 foram confiscados os bens dos judeus e
liquidadas as suas empresas. Na noite de 9 para 10 de novembro iniciou-se a
destruição de Sinagogas e lojas de judeus no célebre Pogrom “Noite de Cristal”
e passou a ser obrigatório o uso da estrela de David, tendo sido proibida também
a frequência de lugares públicos.
No
contexto da crise dos anos 30, verificou-se um fluxo emigratório de
portugueses, na ordem das dezenas de milhar, com destino a França, o que
justifica o recrutamento de mão-de-obra civil para o esforço de guerra do III Reich,
após a ocupação deste território pelas forças nazis.
DURANTE
No
desencadear da Segunda Guerra Mundial o antissemitismo tomou uma feição mais
cruel. Com o início do conflito pôs-se em prática um plano de destruição do
povo judaico que se saldou no genocídio de 6 milhões ou mais de judeus.
Perseguidos e vexados nas ruas, foram aprisionados nas suas casas e
encurralados em guetos a partir de 1940. A “solução final
do problema judaico” surgiu em 1942 (Conferência de Wannsee), deportados
para campos de concentração, localizados principalmente na parte oriental, os
designados campos de trabalho, acabaram por se transformar em campos de morte,
quer pelas carências alimentares e de higiene, quer pela brutalidade do
trabalho forçado, pelas execuções sumárias e pelo massacre das câmaras de gás.
Nestes
campos de concentração e de extermínio pereceram milhões de judeus, mas também
ciganos, negros e eslavos cujo único crime era o de não terem nascido arianos.
Deste
período, expomos a “Janela IN(discreta)” uma composição artística da autoria de
Josefa Reis e que retrata a viagem a Auschwitz realizada em 2014, pelas
docentes Dores Fernandes e Josefa Reis, no âmbito do projeto “Comboio da
Memória” dinamizado pela docente Isabel Vicente, do Agrupamento de Escolas de
Pombal e ao qual o nosso Agrupamento se associa enquanto projeto UNESCO, envolvendo
alunos e professores na 3ª edição “Comboio da Memória-2018”.
DEPOIS
Os
sobreviventes deste horror viveram de forma distinta este acontecimento trágico
do seu povo, muitos perderam familiares e amigos, todos carregavam no seu
espírito o trauma da Shoá. Como ultrapassá-lo?
O
regresso à normalidade demora o seu tempo. Era necessário superar a dor e
sofrimento. Os que conseguiram fugir da feroz perseguição, muitos graças à ação
de benfeitores, agraciados com o título de “Justos entre as Nações” pelo Yad
Vashem (Autoridade para Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto), do
Estado de Israel, como é o caso do herói português Aristides de Sousa Mendes,
refizeram a sua vida, enfrentaram o futuro com apreensão mas também com
esperança.
Portugal,
dada a sua neutralidade, foi um refúgio para milhares de pessoas e uma via de
fuga da Europa em guerra, com destino principalmente à América, à procura de uma
nova vida. Milhares de refugiados passaram em localidades como Cabanas de
Viriato, terra do Cônsul, Curia, Figueira da Foz, Ericeira e Estoril, além de
Lisboa.
Podemos
apreciar neste período um conjunto de fotografias que faz uma súmula de
acontecimentos contemporâneos e que são mote do projeto UNESCO do Agrupamento
de Escolas de Carregal do Sal, “Dever de Memória -Jovens pelos direitos
Humanos”, cujo trabalho se tem desenvolvido em torno do tema dos direitos
humanos, da aprendizagem intercultural e do holocausto, com enfoque central na
figura de Aristides de Sousa Mendes. A exemplo disso é a partilha de momentos
através de Joan Halperin, autora do livro “My sister`s eyes”, obra que retrata
a história dos seus pais e irmã detentores de Vistos de Aristides de Sousa
Mendes, a receção de grupos em homenagem a este “Justo” e os encontros com os
seus netos, Sebastian, Gerald e António Sousa Mendes, este último autor do
livro “Aristides de Sousa Mendes-Memórias de um neto”, que nos transmite vivências
do seu avô e que faz parte do programa evocativo do Dia
Internacional em Memória das Vitimas do Holocausto, assinalado no
Agrupamento.
Este dia foi assinalado ainda no dia 29 com uma atividade designada “Caça ao testemunho”, dinamizada
pelos alunos da turma do 12ºB, no contexto da disciplina de História A (Curso de Línguas e Humanidades), que consta na procura pela escola
de testemunhos de adolescentes judeus, retratados no livro “Através de nossos
olhos” e que foram traduzidos do castelhano para português pelos alunos do
12ºB, 10ºA e 10ºB, no âmbito da disciplina de Espanhol, com orientação da
docente Dina Linhares.
Torna-se imperativa esta partilha, que serve como
um alertar de consciências, perante este e o atual flagelo dos REFUGIADOS.
A nossa esperança é a de que as gerações vindouras, interiorizem
valores e um sentido de vida, para que tais horrores não voltem a acontecer e
se construa um mundo de igualdade e de respeito pelo outro.
Texto-Dores Fernandes/Josefa Reis (Equipa UNESCO)
Fotos-Yad Vashem; Joan Halperin (My sister`s eyes); Josefa Reis
Fotos-Yad Vashem; Joan Halperin (My sister`s eyes); Josefa Reis
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